Se quisermos encontrar
evidência de vida em Marte, nossa melhor alternativa é estudar a Planície de
Argyre, uma enorme bacia de impacto no sul do Planeta Vermelho.
Esta informação é a conclusão do estudo de uma
equipe de astrobiólogos da Universidade de Cornell. O grupo desenvolveu uma
pesquisa com o objetivo de determinar o melhor lugar para encontrar
vida ou vestígios de organismos vivos em Marte. Em outras palavras, se há
ou houve vida no planeta, ela está (ou já esteve) na Planície de Argyre.
“Argyre dispõe de uma série de paisagens
interessantíssimas, do ponto de vista astrobiológico. A região tem
depósitos hidrotérmicos, pingos [montes cônicos que têm seu núcleo formado por
gelo] e antigos depósitos glaciais”, detalhou o cientista que liderou o
estudo, Alberto Fairén, em entrevista ao site Space.com.
Argyre também é um lugar interessante para se
explorar porque não é tão extensa; tem cerca de 1.770 quilômetros. “Essa região
tem uma configuração interessante e pode ser explorada em uma só missão. Argyre
é uma aposta forte”, disse Fairén.
Por quê?
Mas o que faz a Planície de Argyre tão especial? É
preciso estudar um pouco sobre a história de Marte para entender.
Há cerca de quatro bilhões de anos, o
planeta tinha um campo magnético forte,
como o da Terra, que o protegia da radiação emitida pelo Sol. Além disso,
acredita-se que água corria livremente por Marte. Estas duas condições já são
um passo gigantesco para que um planeta seja habitável.
Gradualmente, a atmosfera de Marte foi
sendo afetada por fortes e agressivos ventos solares, não suportados pelo
campo magnético que protegia o planeta. O resultado do processo que durou
bilhões de anos é um deserto gelado e inabitável.
A equipe
que estudou a bacia da Planície de Argyre descobriu a região é resultado do impacto de um
meteoro ou de outro corpo celeste, que, provavelmente,
engatilhou atividade hidrotérmica e pode ter fomentado a vida.
Mesmo que
as missões enviadas à bacia não encontrem vida, os cientistas apostam que
fósseis de organismos vivos podem ser achados por lá.
E a Curiosity?
Mais uma
pergunta que precisa ser respondida: por
que não aproveitar a presença do rover Curiosity, enviado a Marte em 2011, para
explorar a região?
A equipe
responsável pelo estudo afirma que o veículo, por mais esterilizado que esteja
quando chegar à bacia, poderá
‘contaminar’ a região com microrganismos terráqueos, gerando
relatórios que identifiquem falsos positivos.
Fairén e
sua equipe sugerem que, a princípio, sondas orbitem a região. Somente depois de
confirmada a hipótese de vida atualmente ou no passado, rovers com pequenos
laboratórios científicos seriam enviados para investigar e capturar os sinais
de vida. Os
veículos desenvolvidos para a missão deveriam considerar que nenhum
microrganismo da Terra poderia chegar intacto à região,
preocupação que não foi prioridade na produção da Curiosity.
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